quarta-feira, fevereiro 13, 2013

The Diary of Tortov Roddle (ONA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 25/09/2009.

Alternativos: Aru Tabibito no Nikki
Ano: 2003
Diretor: Kunio Katô
Estúdio: Robot
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 22 min
Gênero: Aventura / Drama / Fantasia


Animação lançada originalmente na internet em 2003 pelo pequeno Studio Robot, "The Diary of Tortov Roddle" acabou ganhando notoriedade tardia por obra do destino. Kunio Katô, diretor e animador desta bela obra, venceu o Oscar de Curta-Metragem de Animação em 2009 com a obra "Tsumiki no Ie", mais conhecida como "La Maison en Petits Cubes" e que foi exibida recentemente no Brasil no Anima Mundi 2009, com o nome "Casa de Pequenos Cubos". Com a vitória, muita gente quis saber quem era aquele simpático japonês, cujo discurso carregado de sotaque e finalizado com a impagável frase "Domo arigatô, Mr. Roboto" foi uma das sensações da noite de premiação. Com tantas pessoas pesquisando a vida e as obras de Katô-san, era só uma questão de tempo até que "The Diary of Tortov Roddle" fosse descoberto e apreciado por milhares de pessoas ao redor do mundo.

Tortov Roddle é um viajante da região da Tortália. Elegante, sempre de fraque, cartola e montado num porco gigante e de pernas longas, ele viaja pelos lugares mais bizarros e psicodélicos já vistos. A cada momento, Tortov vê coisas que desafiam a lógica, como cidades construídas nas costas de sapos e chaminés que evaporam os pesadelos das pessoas, e sua saga é contada na forma de pequenas histórias devidamente registradas em seu diário de viagem. Histórias que, convenhamos, se parecem muito com os famosos contos de pescador daqui do Brasil.


Tortov encara as coisas com surpresa, mas rapidamente aceita todas estas loucuras como se fossem algo normal. Mas apesar de sua aparente felicidade, Tortov carrega um ar melancólico, e sua viagem sem destino parece ser, na verdade, uma jornada rumo a um novo alvorecer, uma busca por um futuro melhor.

A primeira coisa que chama a atenção em "Tortov Roddle" é a qualidade de sua animação e a originalidade de seu visual. Esqueçam as imagens comumente associadas a animes, com personagens de cabelos estilizados e olhos enormes. "Tortov Roddle" tem um visual mais parecido com as animações produzidas no Leste Europeu, com traços clássicos feitos à lápis e cores em tons pastéis, com predominância quase total do verde e do marrom. A animação é delicada e muito bem feita, com uma atenção especial voltada às pequenas nuanças de expressão facial dos personagens, quase todos bem longilíneos. A música de fundo, instrumental e bem suave, complementa a parte visual, passando a sensação de um mundo ao mesmo tempo fantástico e melancólico.

A "série" original, digamos assim, é composta por seis pequenos trechos que totalizam meros 16 minutos. Com o lançamento de "Tortov Roddle" em DVD, foi lançado um pequeno OVA adicional de 6 minutos chamado "Red Berry", engraçadíssimo e com um colorido mais variado e alegre.




É sempre bom assistir a uma animação independente, quer seja do Japão ou de qualquer outro país, pois geralmente os animadores compensam a falta de verbas com muita criatividade e liberdade de expressão. Vale a torcida para que o Oscar ganho por Kunio Katô não mude estas características, e que suas obras futuras sempre continuem com este forte teor autoral.


Marcelo Reis


 

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