quarta-feira, fevereiro 13, 2013

End of the World (OVA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 13/05/2007.

Ano: 2002
Diretor: Osamu Kobayashi
Estúdio: Studio 4ºC
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 11 min
Gênero: Aventura / Sci-Fi



Mais um dos famosos curtas-metragens da série "Sweat Punch", cuja produção e animação ficou a cargo dos talentosos membros do Studio 4ºC. "End of the World" é o segundo volume desta série e, talvez, o mais insano de todos, com um acúmulo de imagens e tomadas de câmeras enlouquecidas capazes de rivalizar com FLCL e Dead Leaves.

Durante um concerto de rock, no qual todos os jovens parecem se preocupar mais com o visual e a postura da banda em exibição do que com o qualidade da mesma, uma garota cai e, em meio à confusão, acaba conhecendo outra jovem, com a qual inicia uma conversa animada. Papo vai, papo vem, descobrimos que os pais da primeira garota morreram e que, além de viver no espaço, ela quer acabar com o sofrimento em seu mundo, nem que precise destruí-lo para isto.

Pode parecer mais um daqueles animes heróicos sem pé nem cabeça mas, no caso de uma obra do Studio 4ºC, nada segue o rumo que o público imagina. Osamu Kobayashi, antigo "seiyuu" de obras clássicas como Legend of the Galactic Heroes e Uchuu Senkan Yamato e que que conta em seu currículo de diretor obras como Paradise Kiss e Kimagure Orange Road, conseguiu usar o fiapinho de história que tinha em mãos para criar uma obra cujo estilo visual é de uma psicodelia poucas vezes vistas numa obra de animação, tudo isto auxiliado por um traço estranho e um colorido pra lá de exagerado.


Abusando do 3D para criar um visual semelhante à técnica de "cel-shading", os profissionais do Studio 4ºC criaram um mundo louquíssimo, com cruzes no céu e uma orgia sem fim rolando solta para todo lado. Todos parecem pensar apenas em comida e sexo, enquanto um monstrão com cabeçona de TV comanda um exército de entidades horríveis e multicoloridas, as quais, ao morrer, viram uma meleca rosa. E eu nem cheguei a comentar sobre a TV da garota órfã...

Ainda assim, confesso que End of the World me pareceu a obra menos atraente de todo o universo "Sweat Punch", já que todos os outros animes, de uma forma ou de outra, tinham algum tipo de mensagem para passar, o que não ocorre de maneira tão evidente aqui. Na verdade, podemos até pensar que tudo o que ocorre no anime pode ser apenas fruto da imaginação meio esquizofrênica da uma das personagens e que a tal "destruição do mundo" que ela tanto busca pode ser, simplesmente, a erradicação deste mundo esquizóide que ela mesma criou em sua mente, mas isto se a gente forçar muito a barra para tentar arrumar uma explicação para tudo. End of the World parece apenas uma desculpa para que a equipe do Studio 4ºC, notoriamente um time criativo e altamente capaz, desse vazão ao que viesse na cabeça para criar a obra mais lisérgica possível, sem se preocupar com nenhum tipo de conteúdo. Mais ou menos como o público que assistia ao concerto de rock no início do anime: nota 10 em postura e visual, zero em conteúdo.



É claro que este é um anime que merece uma divulgação melhor, pois mesmo uma obra menor do Studio 4ºC oferece tanta inovação em termos técnicos que seria um pecado ignorar as suas qualidades. Mas não cheguem com as expectativas muito altas: é um bom anime, que vale pela psicodelia mas que poderia ter sido realmente muito melhor com um enredo à altura de seu estilo incomum.


Marcelo Reis


 

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