quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Fake (OVA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 15/04/2006.

Ano: 1996
Diretor: Iku Suzuki
Estúdio: J.C. Staff
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 60 min
Gênero: Comédia / Aventura / Romance



A comunidade do Animehaus dentro do Orkut costuma ter algumas discussões muito interessantes de tempos em tempos. Um dos tópicos que gerou bastante discussão dizia respeito a uma curiosidade de minha amiga Cátia Nunes, perguntando por que razão os homens não se animavam a assistir animes "shounen-ai" ou "yaoi". Realmente, se olharmos as resenhas do Animehaus, todos os animes destes gêneros foram analisados por mulheres. Ao conversar com a Cátia por e-mail, comentei que eu até me animaria a escrever uma resenha de um "yaoi", mas que ainda não havia encontrado um título que me desse vontade de avaliar. Hehehe, Katjuscha, como sempre sarcástica, só deu aquela risadinha com o canto da boca (perceptível por e-mail, vale dizer), e disse: "Sei...".

Estou com a moral baixa, hein? ^_^" Como não resisto a uma boa provocação, resolvi que assistiria e resenharia um "yaoi" ou "shounen-ai" naquela mesma noite, e Fake acabou me chamando a atenção: anime curtinho, de boa qualidade técnica, com uma grande dose de humor e conteúdo bem mais levinho que um "Ai no Kusabi" ou o famoso anime do milho "Boku no Sexual Harrassment". Boa pedida para a primeira resenha masculina de um "shounen-ai" dentro do Animehaus!

Realizado no ano de 1996 e contando com a excelente J.C. Staff por trás da animação, Fake é baseado no mangá homônimo de Sanami Matoh e conta a história de Dee Laytner e Randy Mclane, dois policiais de Nova Iorque em férias na Inglaterra. Randy, também conhecido como "Ryo" em função de sua descendência nipônica, é o lado mais calmo e reservado da dupla, mas nem por isto menos firme nas atitudes. Dee, por outro lado, parece ter um reator nuclear dentro de si, tamanha a energia que exala. Por ser mais aberto que Ryo, Dee não é nada discreto na hora de expor seus sentimentos para o companheiro, o qual, talvez por medo ou dificuldades para compreender a situação, dá sempre um jeitinho de fugir pela tangente.

O descanso de ambos em terras inglesas é abalado por um assassinato próximo ao hotel onde estão hospedados. O caso parece ser apenas algo corriqueiro, mas o andamento das investigações mostra que a história é bem mais complicada que parece e, por tabela, pode envolver Dee e Ryo mais do que imaginavam em toda a trama.


Por se tratar de um OVA único de uma hora de duração, Fake possui um ritmo bem acelerado, o qual, apesar de não atravancar a história, deixa claramente muitas coisas em aberto. Alguns "flashbacks" curtinhos e interessantes mostram como o relacionamento de Dee e Ryo se iniciou, os preparativos para a viagem, mas deixa algumas coisas sem explicação. Por exemplo, qual o relacionamento de Dee e Ryo com Bikky e Carol, um garoto e uma garota muito ligados a ambos e que têm participação vital no anime? São parentes, amigos?

Como a maioria dos animes lançados no mercado de OVAs, Fake possui um bom acabamento técnico, com uma animação de alta qualidade e um trabalho de arte sutil e detalhado. O desenho de personagens de Nagisa Miyazaki (diretor de Mahou Sensei Negima) é ótimo, apesar do rosto de Ryo me passar uma impressão um tanto estranha em alguns momentos, como se os olhos estivessem sempre prestes a escorrer do rosto. Ainda sobre a animação, merece destaque a já conhecida capacidade da J.C. Staff em criar expressões "S.D." como ninguém... as mudanças súbitas nos rostos dos personagens, especialmente de Dee e Bikky, são absolutamente impagáveis! E não dá para deixar de mencionar a dublagem perfeita de Tomokazu Seki (Van Fanel em Escaflowne, Kaishounashi em Ebichu) como Dee, com um ótimo equilíbrio entre seriedade e insanidade.

O roteiro de Akinori Endo (Armitage III, Inuyasha) balanceia bem o humor e o romantismo. A forma como o relacionamento de Dee e Ryo é abordado muda do pastelão absoluto para o companheirismo em segundos, sem que isto afete a questão mais importante, que é mostrar a forte ligação existente entre ambos. Do ponto de vista "shounen-ai", não há nada que possa chocar aos mais sensíveis ao tema, exceto algumas cenas com beijos entre homens, nada muito diferente do que aparece em Gravitation, por exemplo.

Mas tudo isto não esconde o fato de que Fake, no fundo, é um anime bem comum. A trama policial chega a ser constrangedora de tão simples, e é possível matar a charada na primeira cena (juro!). Claro que o humor escrachado é muito bom, o relacionamento entre Dee e Ryo cativa o espectador mas, se o anime não fosse um "shounen-ai", provavelmente seria encarado como apenas mais um entre tantos OVAs disponíveis nas prateleiras.




Fake oferece bastante diversão durante sua curta duração, e seu final deixa no ar a possibilidade de uma continuação, a qual, após tantos anos, provavelmente nunca verá a luz do dia. Para quem quer conhecer um pouco mais sobre o universo "shounen-ai" de uma forma mais leve, é uma excelente opção, mas acredito que Gravitation seja uma pedida bem mais interessante.


OBS: (adicionada em 19/04/2006) Minha amiga Ana Paula Silva acabou de me passar uma informação que esclarece muita coisa: "Bikki é o filho adotivo do Ryo, o pai do garoto era traficante de drogas e acabou sendo morto, durante a investigação Ryo conhece o garoto e passa a tomar conta dele, Carol é amiga de Bikki, e na maior parte do tempo eles infernizam o pobre Dee, toda vez que ele tenta seduzir o Ryo.". É nestas horas que o mangá faz uma falta danada! ^_^    Valeu pela ajuda, Ana Paula!


Marcelo Reis


 

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