Ano: 1999
Diretor: Ryutaro Nakamura
Estúdio: Studio Wombat / Triangle Staff
País: Japão
Episódios: 16
Duração: 6 min
Gênero: Comédia / Slice of Life / Ecchi
Entre 1997 e 2002, a emissora japonesa TBS exibia um bloco de animes chamado "Wonderful" no início da madrugada. A grande maioria dos títulos exibidos consistiam de comédias rasgadas com muitas "gags" visuais e conteúdo "ecchi" bem evidente, como "Iketeru Futari", "Ippatsu Kiki Musume" e "Momoiro Sisters". Para maiores informações, um link interessante: http://www.awesome-engine.com/2010/04/09/past-my-bedtime-part-v-wonderful/
Baseado no mangá homônimo de Torajirou Kishi, "Colorful" foi exibido no bloco "Wonderful" em 1999, e de cara chama a atenção a equipe de classe envolvida em sua produção, nomes que dificilmente alguém associaria a animes descabeçados e com muito "ecchi". O diretor é Ryutaro Nakamura, responsável por nada menos que "Serial Experiments Lain" e "Kino no Tabi". O roteiro é de Kazuharu Sato, que realizou a mesma função em "Earth Girl Arjuna" e "Noein". E o desenho de personagens ficou a cargo de Takahiro Kishida (Arjuna, Baccano! e Koi Kaze). Será que esta equipe de peso conseguiu dar conta do recado?
Os 16 curtos episódios de "Colorful" basicamente mostram a mesma coisa: casos mais ou menos bizarros envolvendo homens taradões e retardados, e mulheres deliciosas. Alunos vidrados na professora de inglês gostosa, professor de Educação Física vidrado na pupila gostosa, "salaryman" vidrado na sobrinha gostosa, e por aí vai. Invariavelmente, os homens são possessos e suas reações são registradas de forma cartunesca, enquanto as mulheres são sempre bonitas e bem torneadas. E entre histórias de jovens dando cabeçadas em postes, um americano aspirante à cineasta que quer mostrar todo o "exotismo" do Japão e até mesmo uma mulher gigante (!), ocorre uma exibição ininterrupta de calcinhas, sutiãs e decotes para fazer a alegria masculina.
Pode ser que uma ou outra mulher até ache alguma graça em "Colorful", mas não dá para negar que este é o típico anime feito de homens para homens. E é preciso ter a cabeça realmente aberta, já que algumas situações são altamente sexistas, com um preconceito pesado com mulheres gordas e mais velhas. E a já citada linha narrativa envolvendo um tio e sua sobrinha "gatinha" incomoda demais, e isto vindo de uma pessoa que curtiu demais "Koi Kaze".
Se estas coisas não incomodarem o espectador, não dá para negar que, ao menos no início, "Colorful" é hilário. É muito difícil segurar o riso com as impagáveis expressões faciais dos personagens frente a algum fato excitante, como peitos amassados no vidro, algum toque "involuntário" num peitinho, ou uma torcida insana para que um botãozinho resistente numa blusa arrebente logo. Jovens e velhos, atletas e sedentários, todos parecem pensar o tempo todo apenas "naquilo". E nenhum personagem é lá muito marcante, até mesmo por todos se comportarem de forma muito parecida.
Os cenários de fundo são super simples, e ocorre a repetição de algumas animações ao longo da série, especialmente nos episódios finais. Mas algumas partes são muito bem feitas e inspiradas, imitando videoclipes e animes da década de 80. E são de matar de rir as cenas que surgem quando os personagens "viajam na maionese" imaginando as coisas mais implausíveis, com uma imagem cheia de luzinhas e uma voz absolutamente retardada ao fundo.
Incrível dizer isto sobre uma série que tem, no total, míseros 96min, mas o grande problema de "Colorful" é o fato de ser tremendamente repetitivo. Como já foi dito, o riso rola solto nos três ou quatro primeiros episódios, mas como as situações exibidas são sempre muito parecidas, a sensação inicial de novidade passa, e o restante da série fica um pouco maçante. Os episódios possuem uma certa ligação, mas a "história" central não empolga a ponto de compensar o tédio da repetição de caretas e gritos frente à profusão de calcinhas e sutiãs.
Com alguns momentos brilhantes e vários constrangedores, "Colourful" não chega a ser desprezível, mas acaba prejudicado de forma bem evidente pela repetiçao e por algumas facetas incômodas de sexismo. Em se tratando de animes com temática semelhante, sou muito mais um "Iketeru Futari" ou um "Ebichu".
Marcelo Reis
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