sábado, fevereiro 04, 2023

Memento Mori

Offret / O Sacrifício (1986) - Andrei Tarkovsky

"Memento mori".

Em tradução livre, algo como "lembre-se de que você vai morrer".

Por que um título como este para um blog? E o que aconteceu com o antigo "webmaster-preguiça" do Animehaus, para sair do mundo leve e divertido das resenhas de animes e embarcar em algo ao mesmo tempo indefinido e, aparentemente, um pouco mais sombrio?

Para tirar logo o "elefante branco" da sala, já aviso que o Animehaus não está de volta, e que não voltará nunca mais. Sei que muita gente gostaria que o site voltasse, pelo menos para que o acervo de textos estivesse sempre disponível para leitura, mas eu realmente faço questão de este blog seja estritamente pessoal.

Por esta razão, apenas as resenhas que eu mesmo escrevi para o Animehaus estão disponíveis no blog. Se os antigos colaboradores quiserem publicar suas próprias resenhas em seus respectivos sites / blogs, fiquem à vontade - podemos fazer troca de links ou algo assim, se for o caso.

Enfim, voltando ao início da postagem, impossível negar que a pandemia de COVID-19 trouxe a realidade da morte de uma forma brutal para todo o mundo e, de modo tristemente especial, para o Brasil. Pelo menos para mim, tem sido muito difícil voltar a enxergar as coisas da mesma maneira que antes.

Ao mesmo tempo, estes últimos anos foram um período de mudanças extremas na minha vida pessoal. Me tornar pai de uma garotinha fez com que tudo, tudo mesmo, ganhasse uma nova perspectiva. Descobrir que me encontro no espectro autista trouxe alívio e muitas respostas para fatos e situações do passado, ao mesmo tempo em que gera ansiedade em relação ao que me reserva o futuro. Lidar diariamente com a depressão e com tudo o que a acompanha, sabendo que é uma indesejável companheira para a vida toda e que a diferença entre a vida e a morte pode estar no menor dos detalhes. Perceber que amizades aparentemente inabaláveis, infelizmente, não eram assim tão sólidas.

Muito se diz sobre o verdadeiro significado de "memento mori". Apesar de parecer algo negativo, a ideia por trás é bem diferente, quase como um "carpe diem". Lembre-se de que você vai morrer, sim, e com isto em mente, tente viver a vida da melhor forma possível, sem desperdiçar seu precioso tempo. Pois como dizia Virgílio, "fugit irreparabile tempus".

Mas, afinal de contas, sobre o que será este blog? Sinceramente, ainda não sei. Pode ser que tenha resenhas, desabafos, textos bem humorados, outros nem tanto. Por enquanto, é viver um dia de cada vez, da melhor forma possível.

"Memento mori".

3 comentários:

  1. Poxa, Marcelo, em primeiro lugar, que pena que tenha passado pelo que passou; mas, em segundo, que bom que esteja aprendendo a lidar com essas situações e a conhecer mais sobre si mesmo. Penso que deveríamos todos repensar nossa vida e, a depender de como estamos, tentar mudá-la. Esses tempos de pandemia revelaram muita coisa, algumas, desagradáveis, embora necessárias.

    Quanto ao autismo descoberto, lembrei de uma colega de trabalho que descobriu agora também, com seus 24 anos, que o tem. Não que comportamente mude algo, mas só de saber o motivo de ações passadas e presentes já é algo.

    Sobre as amizades, é complicado e essas coisas acontecem. Tive algumas decepções nesses últimos tempos (de eleição). Difícil, não vemos mais as pessoas como antes. Mas aprendamos.

    Por fim, apenas sugiro que continue com o blog, e como ele é algo mais pessoal agora, se for possível, que escreva mais textos para além do universo dos animes; eu, pessoalmente, gostaria de ver suas ideias sobre outros temas. Não pare, amigo. Continuemos!

    Um abraço!

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    1. E aí, Carlos?

      Antes de mais nada, valeu demais pela mensagem!

      Concordo com você, é preciso aproveitar momentos difíceis como estes para repensar a vida e ver que rumo queremos dar a ela. Confesso que, em relação à depressão, se não fosse o fato de estar medicado, dificilmente eu conseguiria sequer pensar em alguma luz no fim do túnel.

      E sobre o autismo, o alívio de saber o motivo pelo qual tantas coisas aconteceram no passado é indescritível. E por tabela, ajuda muito na hora de evitar situações desagradáveis no futuro, além de melhorar a relação com as pessoas neurotípicas.

      Ih, rapaz, nem me fale. Se houve um lado positivo nestes últimos anos é que muitas máscaras caíram de vez, facilitando a ver quem realmente vale a pena ter por perto ou não.

      Eu devo publicar uma resenha de anime em breve - foram quase 6 anos sem assistir nem resenhar nada - mas quero ver se continuo falando de outros tipos de animações, além de tentar abordar o autismo e a depressão de alguma forma. Ainda não sei como, mas uma hora eu descubro.

      Depois eu respondo com calma sua mensagem no FB, OK?

      Abração, e valeu!

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    2. Nem precisa agradecer, amigo!

      Poxa, que pena... Mas é algo que às vezes se faz necessário...

      Com certeza. Sempre lembro do Nietzsche, que diz que o pior sofrimento é aquele pelo qual não sabemos a razão. Só de sabermos o motivo, já ajuda...

      É, meu amigo... "Agora que tudo está exposto, a máscara e o rosto trocam de lugar" (Pouca Vogal)... Agora que conhecemos facetas que desconhecíamos de gente próxima e que considerávamos, é desagradável estar ao lado e lembrar, quer dizer, saber...

      Opa, estou no aguardo! Muito tempo! Fale, sim, sobre tudo o que quiser! Tem todo o meu apoio!

      Já respondeu e eu já trepliquei rsrs

      Abraço, Marcelo!

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