quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Like the Clouds, Like the Wind (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 14/11/2005.

Alternativos: Kumo no You ni, Kaze no You ni
Ano: 1990
Diretor: Hisayuki Toriumi
Estúdio: Studio Pierrot
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 79 min
Gênero: Drama / Histórico / Romance


Praticamente todas as resenhas deste anime, produzido pelo Studio Pierrot e VAP no ano de 2002, trazem algum comentário relativo ao desenho de personagens, muito parecido com o estilo utilizado nas obras do Studio Ghibli. Não poderia ser de outra forma, já que o responsável por esta função em "Kumo no Youni", Katsuya Kondo, é a mesma pessoa que criou o traço dos personagens de vários animes do Ghibli, como Laputa e Porco Rosso. Em "Kumo no Youni", Katsuya Kondo também é o responsável pela direção de animação, e realiza ambas as funções com extrema competência. Uma pena que o roteiro e a direção não cheguem aos pés da excelência presente na maioria das obras do Ghibli, transformando um anime promissor em algo decepcionante.

A idéia inicial é muito interessante. A história se passa na Cidade Proibida (China), no ano 34 de Fukui, logo após a morte do 17o Imperador do Reino de Sokan. Suas 550 esposas vivem no Palácio Interior, localizado nos fundos do Palácio Imperial, mas, com sua morte, tudo precisou ser destruído. Por esta razão, todas as esposas tiveram que abandonar o local, exceto a Seihi (esposa de grau mais elevado), que viria a se tornar a Imperatriz Herdeira. Neste meio-tempo, até que o Príncipe seja indicado como o novo Imperador, o Palácio Interior se torna um antro repleto de conspirações visando a obtenção de poder.

Começa, então, a busca por uma Seihi para o novo Imperador. Em um país assolado pela miséria, as condições oferecidas para as futuras mulheres do Imperador parecem ter caído do céu: direito a educação, 3 refeições diárias e mesmo uma reconfortante soneca. Caso esta mulher se torne a Seihi, os benefícios só aumentam. Em todo o reino, os eunucos enviados para esta missão começam a busca por mulheres que se encaixem no perfil ideal de uma esposa imperial.


Ginga é uma garota simplória que perdeu a mãe alguns antes e vive sozinha com o pai no campo, em Odaken. Apesar de viver uma existência feliz, Ginga gostaria de ter uma vida melhor e, para isto, quer se tornar esposa do príncipe e, se possível, mesmo uma Seihi. Ela é descoberta pelo eunuco Mano, o qual enxerga potencial na garota mas sente que terá um trabalho tremendo para transformá-la em uma dama. Ginga é direta e sem modos, mas tem uma personalidade forte e agradável. Poderia uma garota bronca do campo se tornar a esposa do Imperador? Mano fará de tudo para que isto aconteça, já que seu futuro depende do sucesso de Ginga nesta empreitada.

O tom do anime é leve e bem-humorado, e a narrativa é bem gostosa de acompanhar até a chegada de Ginga à cidade e ao novo Palácio Interior. Ajuda muito o agradável visual do anime, com uma animação tradicional de excelente qualidade e cenários de fundo belos mas sem ostentação, um trabalho de muito bom gosto criado por Yuji Ikeda (GTO, Monster e X TV). Os personagens secundários possuem traços orientais, mas os principais parecem ter saído diretamente de um episódio de Lupin III, tamanha a semelhança com as idéias visuais de Miyazaki & Cia.

Tudo desanda de vez após a apresentação de Ginga às suas estereotipadas companheiras de quarto no Palácio. Temos a aristocrata de nariz empinado (Seshamin), a desligadona viciada em ópio (Kouyo) e uma misteriosa e bela mulher perita no manejo de facas (Tamyuun), a qual parece saber de muita coisa que ocorre às escondidas por trás dos muros do Palácio. De repente, começa uma rebelião do povo contra o governo mostrada de forma ridícula, surge uma teoria conspiratória risível, e todo o excelente ritmo narrativo inicial se torna uma colagem de cenas absolutamente sem graça e sem emoção. Toda a estrutura cuidadosamente criada na metade inicial do anime é destruída pela constrangedora metade final, cujo andamento capenga, embalado por uma trilha sonora nada a ver, transforma uma obra curtíssima (apenas 79 minutos) em algo dolorosamente monótono de se assistir.



Kumo no Youni, Kaze no Youni poderia ter sido um grande anime. Tecnicamente não há nada a reclamar, a história propriamente dita é muito interessante, mas o roteiro frouxo e a direção frágil conseguiram estragar de forma irremediável o resultado final. A aparência lembra os animes do Ghibli, mas o resto... quanta diferença!


Marcelo Reis


 

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