quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Gunbuster (OVA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 01/01/2004.

Alternativos: Aim for the Top! Gunbuster, Top O Nerae! Gunbuster
Ano: 1988
Diretor: Hideaki Anno
Estúdio: Gainax
País: Japão
Episódios: 6
Duração: 30 min
Gênero: Aventura / Mecha / Sci-Fi


Série de 6 OVA´s, produzida pela Gainax no período 1989-1991, Gunbuster é uma das obras mais cultuadas deste famoso estúdio de animação, e já dava mostras do que viria alguns anos depois, na forma do mega-sucesso Shin Seiki Evangelion. À primeira vista, Gunbuster passa a impressão de ser apenas mais uma entre tantas séries protagonizadas por mulheres gostosas e seus robôs poderosos. Bom, é inegável que isto acontece também, já que a Gainax não desperdiça a chance de abusar dos "fan-services". ^__^ Mas, por trás de todos os clichês comuns aos animes de "mechas", existe uma história excelente, embasada por uma surpreendente coerência científica, especialmente em relação às leis da física.

Noriko Takaya é uma bela e alegre garota cujo pai, comandante da nave Luxion, morrera no espaço após uma batalha com alienígenas, quando ela ainda era criança. Este traumático evento fez com que Noriko decidisse tornar-se piloto, para que pudesse não apenas defender a Terra mas, ainda, combater aqueles que lhe trouxeram tanto sofrimento. O problema é que Noriko, apesar da boa vontade em aprender, é preguiçosa e sonhadora, e acaba não levando os treinamentos tão a sério. Além disto, Noriko é constantemente perseguida pelas colegas, pois muitas acreditam que ela esteja ali apenas pelo prestígio de seu falecido pai, e não por suas qualidades reais. Se levarmos em conta a quantidade de besteiras que ela faz, e a total falta de jeito para controlar os robôs RX, não dá para tirar a razão de suas colegas. ^_^

O surgimento de Kazumi Amano pode mudar as coisas. Considerada a mais brilhante aspirante ao cargo de piloto, Amano é um exemplo para todos. Noriko percebe que Kazumi não se tornou a melhor por acaso mas, sim, porque segue os treinamentos com disciplina e aplicação: mesmo com um talento inato, é preciso trabalhar duro para obter sucesso. O estranho relacionamento que se desenvolve entre Kazumi e Noriko, oscilando entre a amizade e a rivalidade, acaba se tornando a grande atração deste excelente anime.


Apesar de contar com uma animação tradicional, sem nenhum auxílio de computadores, Gunbuster impressiona muito na parte visual, especialmente no tocante ao desenho mecânico das naves e robôs, os quais são animados com uma quantidade incrível de detalhes. A animação humana também é muito boa, apesar de parecer meio "durona" em alguns pontos. Todo o trabalho de arte, feito por Shinji Higuchi e Hideaki Anno (que também dirige a série), é irretocável.

Um aspecto complicado em Gunbuster diz respeito ao humor ridículo utilizado em alguns momentos. De cara, temos uma cena com vários robôs gigantescos fazendo flexões de braço em um pátio; mais tarde, um destes robôs aparece fazendo "jogging" na praia. Sinceramente, por mais ridículas que pareçam, estas cenas têm sentido na história, mas muita gente, infelizmente, acaba desistindo de conhecer o restante da série depois de assisti-las. O que realmente incomoda em Gunbuster são os onipresentes clichês (aêêêêê, acharam que eu não falaria deles? ^__^). É um tal de ciumezinho bobo, disputas ridículas, invejinhas, papos de predestinação, etc. O que dizer da piloto alemã, com o sugestivo nome Jung-Freud (!!!)? Outro problema é que aspectos cruciais da história ficam muito mal-explicados: por que Noriko é tão importante? O que é, afinal, o super-robô Gunbuster, e por que ele é tão fodão?

Mas chega de reclamações! Gunbuster possui qualidades inegáveis, e não vale a pena ficar preso apenas aos defeitos. Como foi dito no início, Gunbuster é um anime espacial que respeita ao máximo as leis da física, especialmente quando fala das relações entre viagens próximas à velocidade da luz e as conseqüentes alterações na relação espaço-tempo. Por sinal, as aulas de ciência, ao final de cada OVA, são um espetáculo à parte! ^__^

O clima da série vai ficando cada vez mais melancólico, culminando com o fabuloso episódio final, feito inteiramente em preto-e-branco. É verdade que alguns problemas permanecem (heroísmo exagerado, explicações muito aceleradas), mas não dá para negar que Gunbuster é um raro exemplo de anime com um final impecável, daqueles que ficam na memória por muito tempo.



Enfim, Gunbuster é uma série excelente, mas que peca pela falta de equilíbrio entre momentos bons e ruins. Na maior parte do tempo, o resultado agrada muito, mas quando a coisa desanda, fica difícil manter-se indiferente. Ainda assim, é um anime muito acima da média e que merece ser conferido, quer você seja um fã da Gainax ou não.


Marcelo Reis


 

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