Alternativos: Mugen no Ryvius
Ano: 1999
Diretor: Goro Taniguchi
Estúdio: Sunrise / Bandai Visual
País: Japão
Episódios: 26
Duração: 24 min
Gênero: Drama / Mecha / Sci-Fi
Excelente série criada pela Sunrise em 1999, Infinite Ryvius é uma obra menos conhecida desta gigante japonesa do mundo do entretenimento. Mas isto não quer dizer que Ryvius seja uma obra menor na história da Sunrise. Contando com um desenho de personagens realista, semelhante ao utilizado em Gasaraki, Infinite Ryvius é um dos animes mais tensos e emocionantes já criados, com uma história adulta e que nos faz pensar na importância dos limites em prol da manutenção da lei e da ordem.
Fenômeno Geduld foi o nome dado a uma onda solar de grande intensidade, emitida no mesmo plano da órbita terrestre e que exterminou toda forma de vida ao sul da linha do Equador. A região atingida pelo Fenômeno Geduld, em toda a sua extensão, possui gravidade e temperatura altíssimas... permanecer nesta área por um longo período de tempo significa morte certa.
Estamos em 2225 AD. Kouji Aiba é um adolescente tímido e ponderado, que embarca para a Academia de Navegadores Liebe Delta, próxima à zona do Fenômeno Geduld. Além de buscar um rumo profissional para sua vida, Kouji também procura se afastar de Yuki Aiba, seu irmão mais novo, de comportamento visceral e seu desafeto declarado. A notícia da presença de Yuki Aiba no mesmo embarque para a Liebe Delta é apenas a primeira das muitas intempéries a serem enfrentadas por Kouji. A presença do amigo Ikumi Oze e da amiga de infância Aoi Housen parecem ser uma garantia de segurança a Kouji, mas as coisas tomam um rumo completamente diferente após um atentado à Academia Liebe Delta. Seria a amizade entre eles forte o suficiente para resistir à luta pela própria sobrevivência, ou o ambiente hostil que se formou ao redor sepultaria de vez os resquícios de humanidade dentro de cada indivíduo?
Infinite Ryvius possui uma história que lembra muito o livro "O Senhor das Moscas" (The Lord of the Flies), de William Golding, Prêmio Nobel de Literatura de 1983. Neste livro, vários jovens se vêem abandonados à própria sorte em uma ilha deserta, e são obrigados a lutar pela sobrevivência. Sem o controle por parte dos adultos, o caos impera, abrindo caminho para conflitos violentos e trágicos. No caso de Infinite Ryvius, a idéia central é a mesma, mudando-se apenas o cenário... no caso, a poderosa nave Ryvius, que atua de acordo com o estado de espírito de seus tripulantes. A mudança para um ambiente fechado caiu como uma luva, pois a sensação de claustrofobia aumenta ainda mais o clima de desespero entre os tripulantes. É assustador perceber como a falta de liderança ou a tirania excessiva podem levar a tragédias... liberdade é imprescindível em qualquer sociedade, mas limites também são fundamentais para a manutenção desta mesma liberdade, desde que mantidos num limiar tolerável.
Além da excelência na parte técnica (animação, desenho mecânico e de personagens, trilha sonora), comum a quase todas as produções da Sunrise, Infinite Ryvius se beneficia de uma história excelente e uma quantidade enorme de personagens interessantes. Mesmo resvalando nos clichês em alguns momentos (líder valentão, rapaz tímido e "capachão", etc), os personagens são muito bem trabalhados nos aspectos psicológicos, desde o tímido Kouji até a enigmática Fina Shinozaki, passando pela carismática Juli Bahana ou pelo líder rebelde Airs Blue. Como aspectos negativos, apenas alguns episódios no meio da série, muito corridos e que acabam perdendo a capacidade de causar impacto no espectador. Além disto, só para variar, o final deixa um pouco a desejar... situações piegas e um último episódio que é pura novela! =(
A história de Infinite Ryvius é muito complexa para ser sintetizada em poucas linhas. É uma série excepcional e cativante, altamente recomendada para quem procura um anime eletrizante e com uma história convincente. Mesmo com seus pequenos defeitos, Infinite Ryvius ainda é superior a 90% das séries pasteurizadas e sem substância produzidas recentemente, em escala industrial.
Marcelo Reis
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