Ano: 2006
Diretor: Yasuhiro Yoshiura
Estúdio: Studio Rikka / Directions
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 23 min
Gênero: Drama / Sci-Fi
Aproveitando a onda das resenhas de animes curtinhos e menos conhecidos, temos esta interessante produção de 23 minutos realizada em 2006, a primeira animação do Studio Rikka, com produção da Directions. Assim como grande parte destes animes, digamos, de pequeno porte, Pale Cocoon pode ser quase considerado uma obra de um homem só, no caso, o jovem Yasuhiro Yoshiura, nascido em 1980 e responsável pela direção, roteiro e produção do anime. O interessante é que, apesar de ser um pequeno projeto, com pouquíssimas pessoas envolvidas, Pale Cocoon conta com um nome de peso na parte musical, Tohru Okada, responsável pela trilha de Video Girl Ai e tecladista da famosa banda japonesa de rock dos anos 70, Moonriders.
Pale Cocoon se desenrola em um futuro triste e asséptico, uma época na qual artigos históricos foram destruídos e dados do passado só podem ser recuperados através de fragmentos digitais de arquivos danificados. O planeta nem de longe lembra a paisagem existente por volta do ano 2000, com beleza e cores abundantes, uma Terra cheia de vida e pujança. Nos dias atuais, o céu não existe mais como era antes, o sol é uma imagem há muito esquecida e o que restou da população humana vive em mundo artificial que cobriu completamente o antigo mundo real, no qual uma gigantesca torre de luz verde envolta por uma escada em espiral corta o local de cima a baixo. Em um ambiente tão desolado e sombrio, como manter a sanidade e a vontade de viver, tendo em vista a completa ausência de perspectivas para os dias que virão?
Ura é um rapaz que trabalha no Departamento de Escavações, no qual desempenha a função de vasculhar estes fragmentos de arquivos em busca de mais informações sobre o mundo do passado que corre o risco de desaparecer, em função da falta de registros históricos do mesmo. No início, ainda havia uma certa esperança de que as coisas pudessem melhorar neste novo mundo artificial mas, com o passar do tempo, o desânimo impera e o Departamento de Escavações está prestes a fechar as portas.
Mas Ura não desiste. Sua amiga Riko não entende a razão pela qual Ura trabalha com afinco nesta busca por informações do passado. Vale a pena tentar compreender este passado, ainda que seja para comparar com a triste realidade atual? É possível ter esperança sempre? Será que estas informações do passado poderiam, de alguma forma, projetar alguma luz para este futuro aparentemente sem saída?
Ura não tem respostas a estas perguntas, mas o fato é que não consegue parar, especialmente após receber uma imagem com áudio de uma garota. A princípio tudo aquilo parece apenas uma curiosidade mas, aos poucos, Ura vai descobrindo como aquele fragmento poderá afetar sua vida e seu futuro de forma irreversível.
Pale Cocoon é um projeto extremamente maduro, principalmente por se tratar de uma obra de estréia do estúdio responsável e do principal profissional envolvido. O OVA possui idéias visuais e tecnológicas interessantíssimas, que passam a sensação de algo avançado mas ainda plausível. O colorido sóbrio, baseado em tons de verde e marrom, dão o perfeito tom de melancolia pedido pelo anime, e isto se torna ainda mais evidente quando vemos uma ou outra imagem da Terra do passado, cujas cores vibrantes se destacam ainda mais no ambiente em tons pastéis deste futuro desanimador.
A animação digital é boa, ainda que os personagens se movimentem pouco, praticamente apenas os olhos e a boca, com um ou outro movimento corporal. A animação se baseia quase inteiramente em movimentos de câmera, o que, surpreendemente, dá conta do recado sem muitos problemas. A narrativa possui uma abordagem diferente, contemplativa, quase poética, buscando esperança em um mundo acabado sem apelar para o heroísmo ou coisa parecida.
Por ter muitas narrações em "off", além do problema citado de personagens meio paradões, Pale Cocoon acaba não sendo tão marcante como deveria. Isto nem de longe indica que é um anime medíocre, muito pelo contrário, mas dá para sentir, lá no fundo, que a excelente história não foi explorada a fundo. O espectador provavelmente não sairá insatisfeito ao final, mas deve ficar com uma sensação de que faltou algo. Ainda assim, um anime que merece ser conhecido, e mais uma prova de que estas "pequenas-grandes obras" de estúdios menores e profissionais estreantes vieram para ficar.
Marcelo Reis
Pra mim foi um anime muito marcante, é poético, leve e maduro ao mesmo tempo. E a trilha sonora é surpreendetemente boa, a pouca movimentação da boca dos personagens não achei problema, e dá até um ar mais comtemplativo.
ResponderExcluirÉ um excelente anime, especialmente por se tratar de uma produção super artesanal.
ResponderExcluirMuito legal ver que, no Japão, aparecem cada vez mais destes animes "indie", com excelente qualidade técnica e uma abordagem artística e narrativa bem autoral.
Excelente post!
ResponderExcluirValeu! Fico feliz que tenha gostado! :)
Excluir