sexta-feira, março 01, 2013

Vampire Hunter D: Bloodlust (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 16/03/2004.

Ano: 2000
Diretor: Yoshiaki Kawajiri
Estúdio: Madhouse
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 102 min
Gênero: Aventura / Drama / Romance


Em um futuro distante, os vampiros dominam a noite, mas sua população está diminuindo, devido ao alto valor das recompensas oferecidas por suas cabeças. Caçadores de recompensas, ávidos por dinheiro, são os principais responsáveis pelo extermínio destes vampiros. Um destes caçadores é diferente dos demais: ele é um "Dunpeal". Meio-humano, meio-vampiro, em guerra com sua própria consciência e temido por todos, este caçador possui a alma atormentada e leva uma existência solitária. Seu nome é D.

(Antes que os "dedos acusadores" apareçam: sim, a sinopse acima é tradução literal da apresentação do anime! ^_^ )

Baseado no livro "Vampire Hunter D", de Hideyuki Kikuchi, o qual também deu origem ao anime homônimo dirigido por Toyoo Ashida em 1985, "Vampire Hunter D: Bloodlust" é uma co-produção nipo-americana realizada em 2001 e que, curiosamente, não possui áudio original em japonês. A despeito das reações negativas por parte de fãs ortodoxos, que não aceitam a idéia de um anime sem áudio em japonês, é preciso dizer que a dublagem original em inglês, realizada por atores e dubladores americanos, é impecável. Vale destacar, como curiosidade, a presença de Dwight Schultz entre os dubladores: para quem não se lembra, ele fazia o papel do hilário Murdock na cultuada série de TV "Esquadrão Classe A", grande sucesso do SBT na década de 80. Entre os "trekkers", ele é bem conhecido pelas participações especiais como o tenente Reginald Barclay, nas séries "A Nova Geração" e "Voyager".

A história de "Bloodlust" gira em torno do rapto da bela Charlotte por Meier Link, um poderoso vampiro cuja aura maligna é capaz de entortar cruzes de ferro e congelar fontes de água corrente. Mesmo não gostando da idéia de oferecer o serviço a um "Dunpeal", a família de Charlotte resolve contratar D, para que ele encontre a bela jovem, viva ou morta. Contando com a ajuda de sua "mão esquerda" (vocês entenderão o que isto quer dizer, mais à frente), D terá a tarefa de enfrentar não apenas o assustador Link e seus seguidores mas, ainda, a concorrência de outros caçadores de recompensas, como os Irmãos Marcus.

Liderados por Borgoff, um ás no manejo do arco-e-flecha, os Irmãos Marcus contam ainda com o auxílio de Grove, um homem com o corpo debilitado mas possuidor de tremenda força espiritual, e Layla, uma bela mulher com extrema habilidade em combates e que odeia os vampiros. Para ela, os vampiros (e, por tabela, os "Dunpeals") são seres desprovidos de emoção e que enxergam os humanos apenas como uma apetitosa refeição. O desenrolar dos fatos mostrará que a realidade não é tão simples e unidimensional, e que a fronteira entre o bem e o mal é mais tênue do que aparenta.


É impossível falar de Vampire Hunter D: Bloodlust sem mencionar a excelência absoluta nos aspectos técnicos. Mais uma vez, o estúdio de animação Madhouse mostra sua força, criando seqüências deslumbrantes e usando os recursos de computação gráfica com perfeição. "Bloodlust" talvez seja o anime mais impressionante já criado em termos de estilo, e é difícil ficar indiferente ao belíssimo visual, mesmo em cenas teoricamente mais "simples". Mas isto não ocorre por acaso, se levarmos em conta o gênio que se encontra por trás do trabalho de arte e do desenho original de personagens: ninguém menos que Yoshitaka Amano, conhecido entre os brasileiros como o desenhista de personagens dos jogos "Final Fantasy" e pela obra "Sandman The Dream Hunters: Caçadores de Sonhos", realizada em conjunto com Neil Gaiman (Sandman, Deuses Americanos). Algumas seqüências, como a abertura do anime ou o primeiro encontro entre D e Meier Link, são tão perfeitas que dão vontade de chorar (sim, sou muito dramático! ^_^).

Jogar toda a "responsabilidade" pelo sucesso de "Bloodlust" em cima de Yoshitaka Amano seria uma injustiça com os demais envolvidos. Yoshiaki Kawajiri, diretor dos conhecidos "Ninja Scroll" e "Wicked City", realiza aqui o seu melhor trabalho na direção, mantendo um ritmo acelerado e sem pausa para descanso, mas evitando ao máximo que o enredo se torne truncado ou mal-explicado. Para não perder o costume, Kawajiri não perdeu a chance de adicionar cenas repletas de sangue e violência, todas elas se encaixando perfeitamente no clima de terror e pesadelo presente em todo o anime. E a trilha sonora instrumental, composta por Marco D´Ambrosio, é arrepiante, com passagens que lembram a magnífica trilha composta por Jerry Goldsmith para o aterrorizante "A Profecia".

Os personagens são densos e carismáticos, evitando cair na armadilha do maniqueísmo, tão comum na maioria dos animes. Layla é meio irritante em alguns momentos, mas as razões por trás de seu comportamento petulante são plenamente justificáveis. Charlotte, a belíssima moça seqüestrada por Meier Link, possui uma personalidade forte e não hesita em lutar por seu sonho, por mais implausível que ele pareça. Mas o "show" fica realmente por conta de D e Meier Link, poderosos rivais que, embora em lados opostos, vivenciam problemas semelhantes: uma existência triste e solitária, fato que se torna mais desesperador se levarmos em conta a imortalidade de ambos... uma vida vazia, prolongada por toda a eternidade. Os conflitos físicos e psicológicos entre D e Meier Link produzem momentos memoráveis.

Mas nem tudo são flores nesta excelente produção. Apesar do roteiro bem fechado, algumas situações rumo ao final são resolvidas de forma muito acelerada. Além disto, é normal que aconteçam situações exageradas em um anime como este, mas algumas coisas que acontecem em "Bloodlust" extrapolam os limites, culminando em uma constrangedora cena envolvendo uma árvore e uma seguidora de Meier Link. Mas o maior problema, sem dúvida, é a tal "mão esquerda" de D, uma entidade com vida própria e que possui a capacidade de enxergar mais que os próprios olhos. A "Mão" possui importância fundamental em algumas partes, mas a decisão de transformá-la em alívio cômico contrasta de forma negativa com o clima tétrico presente em todo o anime.



Com uma ambientação gótica e uma atmosfera lúgubre poucas vezes vistas no universo da animação, "Vampire Hunter D: Bloodlust" é uma fantástica obra de terror, que injeta um pouco de vida nas batidas histórias sobre vampiros. Ótimos personagens, excelente ritmo, uma história empolgante e visual de cair o queixo: o que mais um fã de animes poderia pedir?


Marcelo Reis


 

4 comentários:

  1. Nossa, eu já assisti esse filme milhares de vezes, e ele é ótimo!

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    1. Show de bola demais o anime, né? Se não fosse a mãozinha chata e alguns saques muito exagerados, seria nota 10. ^_^

      Abraço!

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    2. Cara, eu adoro a mãozinha, a parte final dela falando que D quer fazer amor com uma humana, e D apertando a mão é incrível.

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    3. Hehehe, pois é, cara, até acho que a mãozinha tem momentos bons, mas eu preferiria o anime sem ela. :D

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