sexta-feira, março 01, 2013

Soul Taker (TV)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 10/03/2003.

Alternativos: The SoulTaker ~Tamashiigari~
Ano: 2001
Diretor: Akiyuki Shinbo
Estúdio: Tatsunoko
País: Japão
Episódios: 13
Duração: 30 min
Gênero: Aventura / Terror


Não há lógica que explique a razão pela qual um dos animes mais revolucionários já produzidos, no tocante aos aspectos visuais, seja também uma das maiores bombas feitas até hoje. Soul Taker é, até o momento, o mais perfeito exemplo de uma obra vazia que tenta se sustentar apenas pelo estilo único, sem sucesso.

Série produzida pela Tatsunoko Pro (Generator Gawl), Soul Taker conta a história de Kyosuke Date, um adolescente que é enterrado vivo, depois de ser apunhalado pela própria mãe agonizante. Kyosuke é salvo por uma garota chamada Maya Misaki, que diz ser sua irmã desaparecida. Após uma série de acontecimentos exagerados e mal-explicados, Kyosuke se vê envolvido numa trama envolvendo a poderosa indústria Kirihara (criadora da droga mutagênica Beta Applicon) e o Hospital, instituição encarregada de criar e manter os seres mutantes resultantes do uso do Beta Applicon. Kyosuke é constantemente perseguido por ser um dos mais poderosos mutantes, o legendário Soul Taker, entidade capaz de arrasar cidades num piscar de olhos.

Sem dúvida, o aspecto mais impressionante desta série é o seu visual. A apresentação, embalada pela excelente música "Soul Taker" (JAM Project), possui uma qualidade de animação estonteante. O nível de excelência se mantem ao longo dos episódios, com tomadas de câmera louquíssimas e muita criatividade no uso das cores. O desenho de personagens é fabuloso (excelente trabalho de Akio Watanabe), assim como os cenários de fundo... na parte visual, Soul Taker é realmente nota 10! A história possui uma profundidade surpreendente em algumas partes, levantando questões relativas a alienígenas, ressurreição e Cristianismo. O conceito dos Flickers, seres que não possuem alma própria, também é bacana.


Mas são tantos os problemas na execução de Soul Taker, que o resultado final fica muito aquém do esperado. Para começar, o ritmo... 13 episódios não são suficientes para contar a história de maneira adequada. O resultado é um anime de narrativa fragmentada e acelerada, com buracos no roteiro e situações mal-explicadas. Soul Taker é prejudicado pela pretensão de ser mais profundo do que realmente é... além disto, a indefinição entre seguir um estilo mais sério e dramático ou um formato de ação típico, com "monstro do dia" e tudo o mais, acaba com o interesse em torno da história. Alguns exemplos:

- É complicado assistir a um episódio dramático do início ao fim, que termina com uma luta capaz de constranger Goku & Cia, tamanho o exagero e os diálogos ridículos.

- Como segurar o riso em uma cena dramática, após a "fantástica" frase existencialista "Os humanos existem porque acreditam..."?! ^__^

- E como controlar o ódio mortal em relação à execrável menina-gato Komugi Nakahara que, no meio de uma luta violentíssima, aparece gritando e pulando, com ridículas orelhas de coelho e carregando uma CENOURA GIGANTE NAS COSTAS!! Ah, nem...



É triste constatar que Soul Taker tinha tudo, mas tudo mesmo, para se tornar uma obra-prima irretocável. Mais uma vez, vem a comprovação de que uma boa história e personagens carismáticos podem salvar uma produção com animação tosca (Violinist of Haameln), mas nem um milagre consegue salvar uma história sem alma, mesmo que embalada por um visual acachapante.


Marcelo Reis


 

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