sexta-feira, março 01, 2013

Seikai no Senki III (OVA)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 13/05/2007.

Alternativos: Banner of the Stars III, Battle Flag of the Stars III
Ano: 2005
Diretor: Yasuchika Nagaoka
Estúdio: Sunrise
País: Japão
Episódios: 2
Duração: 25 min
Gênero: Drama / Sci-Fi / Romance


AVISO: Em função de eventos importantes que ocorrem no final de Seikai no Senki II, é recomendável que esta resenha não seja lida por pessoas que não assistiram à referida série, pois é realmente impossível escrever qualquer coisa sem cometer um "spoiler" gigantesco.

Quatro anos após a finalização de Seikai no Senki II, finalmente a Sunrise resolveu adaptar o último volume do fantástico universo criado por Hiroyuki Morioka para o formato anime. O lado triste é que, após tanto tempo de espera, a emocionante saga de Jinto e Lafiel em meio à guerra que se desenrola entre os Abhs e os humanos das forças de resistência termina em uma série de míseros 2 OVAs. Desnecessário dizer que, em se tratando de um anime com enredo sabidamente complexo, como é o caso da série do universo "Seikai", muita coisa se perde no meio do caminho.

Após todos os problemas ocorridos na batalha pela conquista do planeta Robnasr II, Jinto deixa temporariamente a força militar e ruma para o sistema Haider, acompanhado por Lafiel, para que possa governar sua terra natal recapturada na Operação Hunter. A guerra entre os Abhs e os humanos parece estar próxima do fim, já que permanecem apenas alguns poucos focos de resistência, mas um destes focos se localiza justamente em Martine, terra natal de Jinto. A batalha final que se anuncia é vital pois, em caso de vitória do Império Abh, a guerra entre as duas civilizações terminará oficialmente. Jinto e Lafiel precisam recrutar algumas pessoas para funções administrativas, enquanto tentam resolver este tremendo impasse com as forças de resistência de Martine, para evitar a eclosão de uma sangrenta batalha que poderá matar muitos entes queridos de ambos os lados.

De cara, é muito bom perceber que a qualidade da série permanece inalterada do ponto de vista técnico, já que toda a equipe responsável pelas demais séries continuou em Seikai no Senki III, desde o diretor Yasuchika Nagaoka até o compositor Katsuhisa Hattori. Não deixa de ser interessante perceber que uma das poucas alterações dentro da equipe diz respeito ao roteirista responsável pela adaptação da novela original para o formato anime, justamente o ponto mais fraco de Seikai no Senki III. Nem dá para culpar muito o pobre Yasuyuki Muto, talentoso roteirista de Basilisk e Le Chevalier D'Eon, já que condensar uma obra tão complexa em apenas 2 OVAs de 25 minutos cada e manter a qualidade inalterada é uma tarefa quase impossível.


Seguindo uma tendência já percebida em Seikai no Senki II, esta última série é menos focada nos combates espaciais e nos conflitos entre Abhs e humanos, concentrando-se de vez no relacionamento cada vez mais aberto entre este maravilhoso casal formado por Jinto e Lafiel. É muito bom perceber que ambos continuam com as personalidades inalteradas, com Jinto sempre agindo de maneira calma, emotiva e, por que não dizer, até mesmo um pouco sonsa, enquanto Lafiel é o eterno contraponto lógico da balança. Grande parte da série evoca momentos-chave ocorridos nas demais temporadas, nos quais a união entre estas duas pessoas tão diferentes se fortaleceu de maneira cada vez mais evidente. Jinto, em especial, quer aproveitar ao máximo o tempo que tem ao lado de sua amada, pois sabe que seu ciclo de vida é muito menor que o de Lafiel.

Os Abhs continuam cativantes como sempre, com a mesma dedicação estóica às suas obrigações, mesmo durante um simples exercício de guerra. Alguns personagens aparecem rapidamente nesta temporada, como o Capitão Sobarsh, o Supervisor Samson e a bela Piloto Ekriel, responsável por alguns momentos hilários da série. Por sinal, este é um aspecto positivo e surpreendente de Seikai no Senki III, pois foram inseridas algumas pitadas de humor sem que isto afetasse em nada a identidade da série como a conhecemos. E é interessante ver algumas idéias jogadas de relance durante os OVAs, como a constatação de que, sem o Espaço Plano, os Abhs não existiriam como tais e, por conseguinte, a guerra contra os humanos nunca teria acontecido. E será que a submissão total e irrestrita dos Abhs às autoridades seria eternamente comandada por seus genes? Merece atenção uma conversa entre Jinto Lin e seu amigo de infância Que Durin, que toca neste assunto rapidamente, mas de forma brihante.

É uma pena que a série seja tão curta. Ainda que o roteiro faça mágica para manter as coisas mais importantes, está na cara que o ritmo da série não é o ideal, com algumas partes tão aceleradas que chegam a complicar o enredo. Uma das grandes qualidades da obra de Hiroyuki Morioka e, por tabela, das séries animadas anteriores, era manter o enredo complexo sempre atraente e sem nunca se tornar confuso. Esta falta de ritmo faz com que SNS III não tenha a mesma profundidade das demais, exceto em pouquíssimos momentos. Dá a impressão que a Sunrise quis fazer a série curtinha apenas para dar uma satisfação aos fãs e fechar a história sem gastar muito dinheiro. Investiu em apenas 2 OVAs, com direito até mesmo a um fan-service brabo envolvendo Lafiel, reuniu alguns personagens antigos em cenas curtíssimas e pronto, fim de papo.



Ainda que não seja uma anime ruim, Seikai no Senki III está longe do brilhantismo presente nas obras anteriores desta incrível série. Serve para reviver um pouco deste universo que cativou milhares de fãs no mundo todo, mas sem conseguir repetir a magia do passado. Mesmo o finalzinho da série, que deveria emocionar um pouco mais, não atinge o efeito desejado. É um anime obrigatório para todos aqueles que curtem as temporadas anteriores, mas não é bom esperar demais. Se por um lado é ótimo ver a série terminar em definitivo, por outro é triste ver que este não é, nem de longe, o final que a saga merecia.


Marcelo Reis


 

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