quarta-feira, janeiro 11, 2017

Hal (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 11/01/2017

Ano: 2013
Diretor: Ryoutarou Makihara
Estúdio: Wit Studio / Production I.G.
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 60 min
Gênero: Drama / Romance



Após perder o namorado Hal tragicamente em um acidente de avião, Kurumi entra num estado de depressão profunda: não come, não sai de casa, não consegue mais nem ao menos chorar a morte do seu amado. O robô humanóide Q-01 é requisitado para tentar salvar a garota deste bloqueio emocional. Assumindo a forma externa de Hal, Q-01 viaja ao encontro de Kurumi, e enquanto faz de tudo para devolver à garota a alegria de viver, vai conhecendo um pouco mais sobre o relacionamento de Hal e Kurumi, além de entender um pouco mais o que é ser humano, o que significa sentir, sofrer, amar.

Q-01, ou o novo Hal, tem sempre à mão um cubo mágico 5x5 desmontado que era do Hal de carne e osso, com várias mensagens escritas à mão pelo rapaz. À medida em que o robô monta uma das faces do cubo, descobre o significado de uma nova mensagem, mostrando coisas que Kurumi gostaria de fazer com Hal. Q-01 procura realizar cada um destes desejos de Kurumi, tentando fazer com que a garota saia de seu casulo emocional e volte a ser a garota energética e feliz de outrora.

Fiquei sabendo da existência deste anime muito por acaso, enquanto pesquisava informações para uma outra resenha, e foram tantos elogios à qualidade da obra, às emoções fortes que ele despertava, que foi difícil resistir à curiosidade. Infelizmente, talvez pela expectativa elevada, "Hal" foi uma grande decepção.

Para começar, "Hal" é uma obra bem curta, com apenas 60 minutos de duração. Desde o início, fica a impressão de que tentaram colocar coisas demais em um espaço de tempo insuficiente. Com isto, a narrativa fica acelerada, prejudicando o desenvolvimento dos eventos que ocorrem em cena. Isto também resulta na criação de personagens pouco convincentes e nem um pouco cativantes, cujas motivações e modificações no comportamento parecem ocorrer apenas porque o roteirista queria que fosse assim.


A transformação de Q-01 em Hal é um exemplo de proposta que não funciona na prática. Se pegarmos uma obra como "Ghost in the Shell", por mais humana que a protagonista pareça, sempre é possível perceber que há uma máquina por baixo daquela aparência. Em "Hal" isto não acontece: desde a transformação inicial, o personagem parece apenas um adolescente meio lerdo, sem traquejo social e um pouco servil demais, sem nenhuma característica que dê a mínima impressão de que ele é, na verdade, um robô.

A mudança de Kurumi ao longo de "Hal" também não convence. Se no início ela parece reticente e, por que não, um pouco curiosa quanto ao sucesso da empreitada de Q-01/Hal, rapidamente seu coração começa a se abrir simplesmente porque aquele robô tão servil tenta realizar os desejos que ela escreveu no cubo mágico.

Com o passar do tempo, "Hal" vai se tornando uma obra cada vez mais previsível, bobinha e pueril, apelando para a pieguice e o dramalhão. Ocorre uma certa reviravolta em determinado momento do anime que, sinceramente, me pareceu apenas uma tentativa forçada de dar uma dimensão ao anime que, no fundo, ele realmente não possui.

Tecnicamente, "Hal" não decepciona, mas também não chega a brilhar. Os cenários são lindos e bem detalhados, e a animação é relativamente simples se comparada a de outros longas-metragens, especialmente se pensarmos que é uma obra da normalmente brilhante Production IG. O desenho de personagens é agradável e expressivo, ainda que o traço do personagem Hal seja meio genérico.



Se "Hal" tivesse uma narrativa mais equilibrada, apelando menos para os clichês e emoções forçadas, o impacto da obra provavelmente seria bem diferente - talvez até mesmo a tal reviravolta funcionasse melhor. No papel, as idéias até pareciam promissoras mas, na prática, o resultado final decepcionou bastante. Uma pena, realmente.


Marcelo Reis


Nenhum comentário:

Postar um comentário