sábado, outubro 18, 2014

Hells (Movie)

OBS: Resenha publicada originalmente no Animehaus em 18/10/2014

Alternativos: Hell's Angels
Ano: 2008
Diretor: Yoshiki Yamakawa
Estúdio: Madhouse
País: Japão
Episódios: 1
Duração: 117 min
Gênero: Ação / Comédia / Drama / Fantasia



Pessoal, nesta que é a 1a. resenha do Animehaus após o seu, digamos, renascimento, eu juro que adoraria dizer que "Hells" é um anime incrível, a última bolacha do pacote, etc e tal. Espero que não seja um mau agouro para o futuro (bate na madeira, moleque!), mas apesar de eu ser um fã de carteirinha da Madhouse, "Hells" foi uma baita decepção.

Linne Amagane, nossa protagonista, corre de forma ensandecida para sua escola, já que sua mãe acabou atrasando-a por causa de uma "agenda idiota", de acordo com suas próprias palavras. Ao tentar salvar de um atropelamento um gato estranhíssimo com cara de "yin/yang", quis o destino que Linne se encontrasse com a morte gulosa, aquela que não perdoa ninguém. O pior? Nossa amiguinha acabou caindo direto no Inferno, com direito a uma turma de delinquentes chegadas a um "bullying" e um diretor de escola chamado Helvis... yep, inspirado em quem vocês estão pensando. ^_^

A ficha custa a cair para a pobre Linne, que não entende direito como pode estar morta e, ainda por cima, ter parado literalmente no Inferno. Enquanto vai fazendo novos amigos, como Ryu Kutou, Presidente do Conselho Estudantil, e Steeler, uma garota estranha que sofre "bullying" de toda a turma e é uma bomba-relógio prestes a explodir, Linne começa a entender aos poucos o seu verdadeiro papel naquele universo tão diferente. Num mundo em que ninguém sangra, um pequeno filete de sangue que sai de um ferimento seu é o início de uma verdadeira revolução no Inferno... yay!


"Hells" começa alucinante. O seu visual distorcido e aparentemente mal-acabado, como se tivesse sido desenhado com lápis de cor, se encaixa como uma luva na proposta de representar o Inferno de uma maneira enlouquecida. O ritmo frenético e a animação incrível imediatamente nos remetem a obras como "Dead Leaves" e "FLCL", e os primeiros 30min não decepcionam, em especial as cenas em que Helvis, totalmente possesso e dramático, entra grandiosamente em cena.

Mas se até remédio pode virar veneno em altas doses, o que dizer de todo este exagero num anime de quase 2h? Com o tempo, o que era engraçado começa a se tornar cansativo, e como acontece num grande número de animes, infelizmente o dramalhão e a pieguice começam a imperar. E se não bastasse tudo isto, o enredo é simplesmente imbecil. Uma mistura de livro de auto-ajuda com psicologia de botequim, no qual a história de Adão, Eva, Caim e Abel é usada como pano de fundo com mais buracos que um queijo limburger. Tudo isto embalado por um adorável pacote de diálogos expositivos, este cancro desnecessário que assola grande parte das produções audiovisuais da atualidade.

Merece destaque a direção de arte de Hiroshi Ohno (Akira, Wolf Children, Kiki's Delivery Service), cujo aparente desleixo no traço esconde um trabalho meticuloso, especialmente no uso de cores contrastantes. O desenho de personagens de Kazuto Nakazawa (Legend of Black Heaven, El Hazard, Sarai-ya Goyou) também é expressivo, com muita criatividade no estilo dos monstros e entidades do além.



Com diálogos "edificantes" como "o alto astral torna tudo possível", ou "basta acreditar que vai acontecer", é triste ver como "Hells" tomou um rumo totalmente diferente do que prometia no início. Não chego a dizer que é uma obra totalmente dispensável, já que pelo menos o visual e as loucuras dos primeiros 30min realmente valem a pena. Resta saber se compensa gastar mais 90min de sua vida assistindo ao restante.

Ah, quase me esqueço: o anime ainda traz o segredo da vida!

Querem saber qual é?

"Todos unidos podem vencer!"

Se me dão licença, vou ali tomar um sal-de-frutas pra combater a indigestão. ¬¬


Marcelo Reis


 

6 comentários:

  1. Muito obrigado pela decisão de voltar com o Animehaus! Grande parte da minha adolescência teve lugar entre as tantas resenhas que o site continha, na esperança de achar um excelente anime pra ver e por que eu simplesmente adoro ler. Espero de coração que o hobby não se torne uma obrigação de novo e que vários anos e muitas resenhas mais se passem antes de eu ter o desprazer de ler mais uma despedida. Abraço!

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    1. Olá, Finha.

      Nós é que lhe agradecemos pela mensagem tão bacana! Sério, são mensagens assim que nos deixam cada vez mais entusiasmados a continuar pra valer com o Animehaus. De certo modo, foi a minha inabilidade em gerenciar a versão "leviatã" do Animehaus que acabou gerando aquela sensação de obrigação, até mesmo de opressão. Posso lhe garantir que desde que voltamos com esta nova versão - que, na verdade, tem mais a ver com a versão pré-histórica do site - o ânimo permanece inalterado.

      Tomara que continue assim por vários e vários anos. :)

      Um grande abraço!

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  2. Estou com vontade de ler as outras resenhas, sabe, a dos outros membros. Mesmo assim fiquei muito feliz ao saber que voltaram, E... Cadê as notas?

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    1. Olá, Cicero.

      Muito obrigado pela mensagem! Fico feliz em saber que curtiu a volta do Animehaus.

      Em breve teremos mais resenhas novas da Cátia e do Marco, além dos textos de um antigo colaborador que voltará à ativa com o Animehaus.

      Quanto às notas, tem uma breve explicação no texto inicial do site: http://www.animehaus.com.br/2014/10/num-passado-distante-por-volta-de-2002.html

      Um grande abraço!

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  3. Obrigado pela explicação. Eu li todos os textos, pelo menos, se minha memória não falha, os que foram feitos até outubro de 2011. Sempre dei valor aos textos e continuo dando, mas gosto também das notas, será mesmo que um pouco de polêmica faz mal?? De qualquer forma entendo o ponto de vista, e que alguma resenha me abra o caminho para assistir mais algumas boas séries de anime.

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    1. Na verdade, Cícero, o problema não é simplesmente a polêmica: as notas sempre deram muita dor de cabeça aos resenhistas, pois mesmo tentando padronizar um pouco a classificação, no fundo cada um tinha o seu próprio jeito de usar esta mesma classificação. No fim das contas, juntando a questão da polêmica com a dor de cabeça, preferimos deixar as notas de lado para nos concentrarmos no conteúdo das resenhas, que é o mais importante no fim das contas.

      Um grande abraço!

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